sábado, julho 14, 2007

06*06, tablínio

06*06, tablínio
" 'O coronel e o lobisomem': primeira (quiçá única) entrada; & outros assuntos"

Parece ser do feitio do ... brasileiro, isso, de fazer-se de vítima. Uma outra coisa que me fez repudiar a adaptação foi a forte presença de religiosidade supersticiosa, no filme. Desenvolverei estas coisas, como puder, e, depois, tentarei elogiar o filme, em alguma coisa.
Assim que terminei de assistir, pensei "puxa, mas que revolta de ter nascido brasileiro!" E cogito: por que não somos capazes de desenvolver literatura séria, que não seja, nem deboxada, nem supersticiosa, nem pornográfica? Afinal de contas, no background lingüístico, até que tem, lá, nos aquém-mares do lado de lá, algum Alexandre Herculano ...
Que é ser brasileiro? Já adentrei tal questão, há tempos, mas volto a ela, pois nós não temos uma definição de identidade da qual eu possa, já, me orgulhar. Talvez não me tenham mostrado a face que me faria pensar que "como é bom ser brasileiro!" Talvez porque eu não tenha tido gosto, de infância, nem pelo futebol, nem pela corrida de carros ... E a boa música brasileira já seja passado.
Será que os "brasileiros" da minha geração ... fogem do Brasil -- achando que vão, lá fora, encontrar "lar", ou coisa mais parecida com o que gostariam de ser -- para procurarem identidade, ou para fugir da vergonha de não termos identidade pós-bossa-nova, ou será que não temos identidade pós-bossa-nova (pobres brasileiros-estrangeiros, que foram perseguir uma ilusão que não lhes será vera ...) porque muita gente da minha geração, que deveria estar me ajudando a formar uma identidade para esta geração, no meu país, está no estrangeiro, achando que vão ser felizes como estrangeiros, quando o mundo é, por circunstância desta geração, cada vez mais xenófobo, em contradição aos rumos da cultura mundial? ...
(Que todas essas coisas têm em comum com qualquer impressão que tenha este crítico tido de "O coronel e o lobisomem": a adaptação, ao final das contas, alguém já poderá estar se perguntando.)
Certo: assiti ao filme. Quando terminou, me perguntava que "ora, por que raios caídos do céu será que tivo o azar de ter nascido brasileiro?!" (Depois falarei da definição de "brasileiro", de modo a tentar, aqui, não me delongar muito mais.) E não é por causa dos efeitos especiais, que não são pela "Industrial Light & Magic", ou por qualquer das tantas outras que há, hoje, nos E. U. ... (Pelo contrário ... Talvez essa seja uma tentativa ... quase-gloriosa, do filme.) A questão que se me bateu, forte, foi o problema da religiosidade. É triste ver um país sem identidade religiosa. (Sem identidades religiosas, que seja.) Não somos católicos, não somos protestantes, não somos ateus ... Não somos nada! E respiramos uma supersticiosidade tola, que nos afunda como cultura. E, quanto a isso, falo de outros, porque, ainda que sozinho, eu mesmo tenho religião, sei a que lado sigo, e que sozinho morrerei, não sei, este não será problema para mim, pela minha fé. Apenas gostaria que o brasileiro tivesse alguma opinião sobre isso. Percebo que a ... nação (o povo de fala portuguesa na América) terá de esperar a geração seguinte, e, quiçá, a literatura que produzo, para ter alguma mudança significativa... -- talvez (espero!) eu esteja enganado.
A persona protagonista do filme é uma vítima. Ora, isso não é novidade, neste país. Não conheço raça pra se fazer de vítima melhor do que o brasileiro. Todo brasileiro é vítima. Não conheço um que não seja mestre em dizer que a culpa está nisso ou naquilo. Nunca "a culpa é minha", nunca a responsabilidade é minha. Melhor dizer que a responsabilidade por que quer que seja que está errado -- e tem muita coisa errada, sempre vai ter, isso não é o caso -- é de outra pessoa ou instância. Ou da circunstância. Mas nunca do sujeito. Nunca é do "eu". Isso não posso vincular ao filme, mas, penso à literatura brasileira, talvez.
É tempo de mudar.
Falei dos vícios. Tentarei falar de alguma e outra virtude. 1. As barbas do coronel. As barbas do coronel são formidáveis! Uma das virtudes raras na estética contemporânea. É uma "deixa". E a literatura, e o cinema, têm que dar deixas estéticas e ideológicas para referência da nação, ou, de outro modo, quem fará? Eis a missão do ator, do produtor, dos teatrólogos, e dos escritores. Então o filme tem algo de interessante.
2. O duo Diogo Vilela & Selton Melo deu um resultado razoável. Aprazeou, posso dizer. Não sou crítico de cinema, nem pretendo. É como leigo que digo, mas, digo: não se pode dizer geniais, mas foram atuações brilhantes (i.e. com brilho). É uma virtude para o filme e para o cinema brasileiro. Parabéns aos atores.

Outros assuntos

Da publicação de livros. O primeiro livro está registrado em biblioteca pública. O segundo ... aguarda que o Ministério da Cultura deixe a presente greve, para que possa ser devida maneira registrado. Dois outros há, escritos, que não serão registrados, pois "os dinheiros acabaram". (Estou desempregado desde outubro de 2005. Fui ... vítima. De demissão. E injusta!)

1 Comments:

Blogger PIXOTE said...

Sei que não é fácil, mas vc vai ter sua vez meu querido sobrinho!!! de repente aparece, continua... não desista, não fique desiludido nem triste... vá em frente!!!! continue investir em seus sonhos!!!!
beijosssssssssssssssssss

sábado, agosto 18, 2007  

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