quinta-feira, maio 17, 2007

Sete colinas

Roma. Cidade entre sete colinas. Um dia, os reis etruscos (de antes da res-pública) decidiram fazer muros. Talvez uma cidade com 10.000 habitantes, talvez com 100.000, se tanto.

Como se vive uma república numa cidade de 1.000.000 de habitantes? (Ou de 10.000.000?, como é o caso do Rio de Janeiro.)

Como se vive numa república? Como será que se vive numa república? ...

i.
Muito poucas são as pessoas que se importam com a reunião de condomínio, mas, não sei se você sabia, mas, você sabia?: a reunião de condomínio é a maior proximidade que o homem de uma cidade de 10.000.000 habitantes poderá jamais viver de o que as pessoas que pensam que utopias existiram chamam de democracia?

Há a democracia; porém, as pessoas não querem praticá-la. Questionar é mais fácil. Dizer que não há, então ... salta aos olhos. Mas praticar?! ... Quem quererá ir à reunião de condomínio? Melhor até pagar alguém para estar lá, em seu lugar ...

Assim, se vivemos uma aristocracia, é por omissão do demos: pois as pessoas dizem que é melhor pagar alguém para ir à reunião de condomínio no seu lugar do que exercer (/exercitar) a paciência.

Não se faz democracia sem paciência.

ii.
Pois as pessoas preferem pagar para esperarem em filas de atendimentos médicos privados do que esperar, apenas, -- e sem reclamar! -- em filas de postos de saúde públicos, que, apesar da má fama, são cada vez melhores.

Mas dizer que não há democracia é fácil, quando o material fala mais alto, e diz: "tempo é dinheiro". Será que tempo de cuidar da saúde também é dinheiro? Pois paga-se com paciência, mas, pelo menos, quem tem paciência consegue ser paciente em serviço público. E ser bem atendido.

Mas quem quer pagar qualquer coisa? Seja em denários, seja em paciência?

iii.
As pessoas não querem dar nenhum de seus valores, e isso se chama avareza. É uma doença que ataca a alma. Sobretudo quando a pessoa começa a ficar mais velha. Há que exercitar a democracia, para não ser apanhado por tal ... vírus.

Quanto ao mais,

Scrooge McDuck,
Molière,
Eucliom, de Titus M. Plautus.

(As figuras dos homens e dos patos existem para que delas se ria ... Mas também para que nelas reflitamos. Como seremos? Como eles, assim, dignos de riso? Ou seremos pessoas com tesouros no saco da alma: tesouros como paciência. Não se pode dizer que é fácil. Pode-se dizer que vale a pena.)

iv.
Fico em dívida: quatro colinas.

"Eh pá! Que moeda é essa?!", alguém me perguntará ...

Não tenho todas as respostas, direi.