Ficção pseudo-científica e ficção de brincadeira semi-científica
06*08, tablínio
Ficção pseudo-científica e ficção de brincadeira semi-científica.
Ensaio sobre ficção científica, e comentário breve sobre Aeon Flux "o filme".
Em coisas que escrevi -- de que uma parte está registrada em biblioteca pública, no Rio de Janeiro, sob título de 'Livro à venda' (por sorte de pegar o "antes da greve" do MINC, que agora, pelas vistas, vai seguir indefinida circunstância (...) --, falo sobre o problema da atual chamada "ficção científica". O gênero, larga maneira deturpado pelo cinema, terá de sofrer reformulações e recategorizações neste novo centênio de previsões ecológicas nefastas: não é mais possível pôr no mesmo saco-de-farinhas produções (literárias) como Blade Runner e Star Wars/Star Trek. (Se alguém não sabe a diferença entre SW e ST, saiba que não tem problema, pois seguiram a mesma linha de ... "ciência".)
Não posso dizer que Blade Runner seja brilhante como ficção científica (talvez não tanto quanto "literatura filosófica"), mas sou mais inclinado a agrupar o filme como um sub-grupo de ficção científica do que SW/ST.
Dentro de o que pode ser considerado ficção científica, penso, pode-se colocar produções como '2001', 'O planeta vermelho', 'Eu, robô' (não importo que discordem, tenho critério).
Há um gênero moderno, porém, que não se faz ficção científica, porém, não denigre o gênero, fazendo-se à parte. Um dos pioneiros foi Blade runner. Os mais recentes são Matrix, e Aeon Flux (não apenas o filme, mas também a série animada). São filmes para diversão, tangem questões de ciência, sem, contudo, enganar o público. Suscitam questões, reflexões. São literatura de questionamento, se se poderá pensar em algo do tipo.
E há o consumo de pseudo-ciência que virou paradigma de diversão: Guerra nas Estrelas (SW), e Jornada nas Estrelas (ST). (Se alguém não sabe, GnE é a série do peludo Chewbacca (diz-se Chubaca), amigo do Han Solo, cujo outro amigo, Luke Skywalker tem questões psicológicas não resolvidas com o vilão Darth Vader (...), e JnE são séries diversas, baseadas numa série antiga que era caracterizada pelo orelhudo sr. Spock, o vulcano, e pelo canastrão capitão Kirk, que, através dos anos 1990, ganhou novidades (séries novas, começando pela "Nova geração", e seguida por outras, Deep-Space 9, Voyager e a recente "Enterprise").) De ponto de vista de avaliação de ciência, Jornada nas estrelas seguiu uma linha semelhante do estilo Guerra nas Estrelas: preferiram investir em entretenimento do que em verossimilhança, e divulgam um espaço-vácuo bastante diferente do que o espaço-vácuo de veras é, pois as naus interplanetares fazem barulhos, explodem e pegam fogo, coisas que, com física de secundário, já se pode entender que não acontecem.
(Há uma outra série, menos cotada, "Galáctica", uma nova versão, que, apesar de insistir no caráter de entretenimento, atenua -- não saberei se de propósito e com propósito, ou se sem querer -- a simulação de naves e escafas ("caças") no espaço-vácuo, pois dá impressões de "ruídos internos". Pois é verdade que não há propagação de som no vácuo, e os "entretenedores" não acharam que isso seria apropriado para seus filmes e seriados, e rejeitaram a verossimilhança, em favor de uma "estética agradável", e, convenhamos que a estética de um espaço-vácuo, num filme, sem som nenhum, pode, se não for tido como princípio de conceito de uma obra literária, ter efeito ruim para os ouvidos de uma audiência. "Galáctica" dá um espaço sem barulhos externos, mas dá muitos ruídos que fazem soar a barulhos internos aos maquinários e comunicações nas escafas-de-guerra, e nas naus, e cria um novo modo de passar um espaço mais realista, sem deixá-lo entediante para quem está saindo de uma geração criada por Star Wars.)
Há, porém, um outro tipo de experimento literário que não se restringe a entretenimento, e que é algo que é interessante de ponto de vista literário. Pois até os cientistas gostam de brincar, e imaginar, e falar absurdos. E é possível entrar em absurdos científicos sem ferir a didática da física secundarista (...). Uma coisa atrapalha o ensino de física: insistir no erro. (E isso são outras questões.) Mas é interessante à humanidade a fabulação do "absurdo científico", desde que seja experimental. É o caso de Aeon Flux. A abrangência de brincadeiras semi-científicas que se vê, tanto no filme quanto na série animada, é vasta. Tudo o que os cientistas gostariam de ver, e preferem que não se tente explicar. É um filme leve (também a série), inteligente, desperta questões de interesse à humanidade, e propõe absurdos sobre absurdos, que, por qualquer razão, não ofendem o cientista audiente, que, pelo contrário, se diverte em pensar "que absurdo" e "que divertido!".
Estes são alguns pensamentos sobre as recentes produções literárias na ficção científica, das coisas que considero relevantes para a discussão de ciência.
(Para 'Alien', 'Guerra dos mundos' e assuntos "marcianos", penso que o assunto não se relaciona com ciência, mas com religião, e não me deterei em entrar em descrições sobre suas tangências; não me dizem respeito.)
Ficção pseudo-científica e ficção de brincadeira semi-científica.
Ensaio sobre ficção científica, e comentário breve sobre Aeon Flux "o filme".
Em coisas que escrevi -- de que uma parte está registrada em biblioteca pública, no Rio de Janeiro, sob título de 'Livro à venda' (por sorte de pegar o "antes da greve" do MINC, que agora, pelas vistas, vai seguir indefinida circunstância (...) --, falo sobre o problema da atual chamada "ficção científica". O gênero, larga maneira deturpado pelo cinema, terá de sofrer reformulações e recategorizações neste novo centênio de previsões ecológicas nefastas: não é mais possível pôr no mesmo saco-de-farinhas produções (literárias) como Blade Runner e Star Wars/Star Trek. (Se alguém não sabe a diferença entre SW e ST, saiba que não tem problema, pois seguiram a mesma linha de ... "ciência".)
Não posso dizer que Blade Runner seja brilhante como ficção científica (talvez não tanto quanto "literatura filosófica"), mas sou mais inclinado a agrupar o filme como um sub-grupo de ficção científica do que SW/ST.
Dentro de o que pode ser considerado ficção científica, penso, pode-se colocar produções como '2001', 'O planeta vermelho', 'Eu, robô' (não importo que discordem, tenho critério).
Há um gênero moderno, porém, que não se faz ficção científica, porém, não denigre o gênero, fazendo-se à parte. Um dos pioneiros foi Blade runner. Os mais recentes são Matrix, e Aeon Flux (não apenas o filme, mas também a série animada). São filmes para diversão, tangem questões de ciência, sem, contudo, enganar o público. Suscitam questões, reflexões. São literatura de questionamento, se se poderá pensar em algo do tipo.
E há o consumo de pseudo-ciência que virou paradigma de diversão: Guerra nas Estrelas (SW), e Jornada nas Estrelas (ST). (Se alguém não sabe, GnE é a série do peludo Chewbacca (diz-se Chubaca), amigo do Han Solo, cujo outro amigo, Luke Skywalker tem questões psicológicas não resolvidas com o vilão Darth Vader (...), e JnE são séries diversas, baseadas numa série antiga que era caracterizada pelo orelhudo sr. Spock, o vulcano, e pelo canastrão capitão Kirk, que, através dos anos 1990, ganhou novidades (séries novas, começando pela "Nova geração", e seguida por outras, Deep-Space 9, Voyager e a recente "Enterprise").) De ponto de vista de avaliação de ciência, Jornada nas estrelas seguiu uma linha semelhante do estilo Guerra nas Estrelas: preferiram investir em entretenimento do que em verossimilhança, e divulgam um espaço-vácuo bastante diferente do que o espaço-vácuo de veras é, pois as naus interplanetares fazem barulhos, explodem e pegam fogo, coisas que, com física de secundário, já se pode entender que não acontecem.
(Há uma outra série, menos cotada, "Galáctica", uma nova versão, que, apesar de insistir no caráter de entretenimento, atenua -- não saberei se de propósito e com propósito, ou se sem querer -- a simulação de naves e escafas ("caças") no espaço-vácuo, pois dá impressões de "ruídos internos". Pois é verdade que não há propagação de som no vácuo, e os "entretenedores" não acharam que isso seria apropriado para seus filmes e seriados, e rejeitaram a verossimilhança, em favor de uma "estética agradável", e, convenhamos que a estética de um espaço-vácuo, num filme, sem som nenhum, pode, se não for tido como princípio de conceito de uma obra literária, ter efeito ruim para os ouvidos de uma audiência. "Galáctica" dá um espaço sem barulhos externos, mas dá muitos ruídos que fazem soar a barulhos internos aos maquinários e comunicações nas escafas-de-guerra, e nas naus, e cria um novo modo de passar um espaço mais realista, sem deixá-lo entediante para quem está saindo de uma geração criada por Star Wars.)
Há, porém, um outro tipo de experimento literário que não se restringe a entretenimento, e que é algo que é interessante de ponto de vista literário. Pois até os cientistas gostam de brincar, e imaginar, e falar absurdos. E é possível entrar em absurdos científicos sem ferir a didática da física secundarista (...). Uma coisa atrapalha o ensino de física: insistir no erro. (E isso são outras questões.) Mas é interessante à humanidade a fabulação do "absurdo científico", desde que seja experimental. É o caso de Aeon Flux. A abrangência de brincadeiras semi-científicas que se vê, tanto no filme quanto na série animada, é vasta. Tudo o que os cientistas gostariam de ver, e preferem que não se tente explicar. É um filme leve (também a série), inteligente, desperta questões de interesse à humanidade, e propõe absurdos sobre absurdos, que, por qualquer razão, não ofendem o cientista audiente, que, pelo contrário, se diverte em pensar "que absurdo" e "que divertido!".
Estes são alguns pensamentos sobre as recentes produções literárias na ficção científica, das coisas que considero relevantes para a discussão de ciência.
(Para 'Alien', 'Guerra dos mundos' e assuntos "marcianos", penso que o assunto não se relaciona com ciência, mas com religião, e não me deterei em entrar em descrições sobre suas tangências; não me dizem respeito.)
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home