quarta-feira, maio 10, 2006

Definição romana de "estudo"

Studeo, studere, tem comum definição como ócio dedicado. Dedicação de tempo livre. O homem romano considerava que estudar era um modo de aplicar o tempo livre, em algo útil.

Será o estudante ocioso ou trabalhador? Ora, estudar dá trabalho. Quem estuda bem o pode dizer. Exige tempo dedicado a uma disciplina. No meu caso, pelo menos, isso se aplica. (Tenho uma disciplina, à qual me dedico, e tenho um hobby. Meu hobby não me dá trabalho. Minha disciplina sim.)

Muitas coisas eram diferentes, nos dias da "grande Roma"... Por exemplo: 1. para o homem romano, um homem se chamava "adolescente" até os 30 anos, e, depois dos 30, então sim, era "adulto"; 2. um homem que trabalhava na iniciativa privada da Roma dos dias de Augusto, de Tibério, era chamado "servo", e não tinha alguns direitos de legislação, por outro lado, naquela época, o homem como ser humano era mais humano do que o homem deste tempo ... mecânico. Hoje, o trabalhador, "servo", tem no ideal do patrão, máquina como modelo de eficiência; 3. "batizar", palavra grega, tinha sentido de imergir/submergir, e ainda não tinha sido confundido com nomear/dar nome; 4. o dia tinha cerca de 12 horas, e era marcado com uma haste, sobre um bloco de pedra, em dias de sol; 5. as cortinas de teatro eram erguidas, de baixo para cima, como pálpebras de crocodilo; 6. a cidade era grande, pra uma cidade que não tinha metrô, nem telefone, nem internet; 6&1/2. a cidade não tinha nem metrô, nem telefone, nem internet, mas em compensação era menor do que as cidades deste tempo; 7. VOCÊ SABIA que o mês romano não era segmentado em semanas?: pois não, mas em dias iniciais, dias meados (os idos) e a segunda quinzena (a que chamavam as calendas do mês seguinte). Sim, os romanos da grande Roma eram homens em contagem regressiva.

Eu, Gustavo, estudo Roma. Precisa que se goste disso, pra estudar, mas descobrem-se algumas coisas interessantes.

Estou me dedicando a um escritor didatista, chamado Titus Liuius (Tito Lívio). Lívio escreveu uma coletânea de textos a que entitularam Ab Vrbe condita, que se traduz como História de Roma. É uma excelente coletânea de o que os romanos consideravam história de sua cidade, e a obra integra os mitos da fundação, com alguns fatos que sobreviveram ao longo da história. Historiadores questionam se Roma foi em verdade fundada por algum homem chamado Romulus. Para Lívio, isso não era uma interrogação, mas uma crença. De tal modo que o Ab Vrbe condita era ensinado nas escolas e pelos tutores, desde sua difusão.

Depois de Lívio, pretendo ler historiadores. (C. Suetonius, C. Sallustius, M. Ualerius Maximus.)

(Ouvi falar de Tacitus, mas não devo incluí-lo à lista. É bom à sã dedicação à disciplina que seja dado um passo de cada vez.)