quinta-feira, junho 15, 2006

(para não passar em branco)

PARA NÃO PASSAR EM BRANCO

Alguém se lembra aí do 7 de setembro? Alguém se lembra do 15 de novembro?
É "copa do mundo".

Alguém se lembra de xingar o presidente?

Alguém sabe o que ele está fazendo da vida, esses dias?

É crime se ele tiver tirado férias pra assistir os jogos da copa mundial?

É crime se ele decretar um mês de feriado nacional?

"Na alegria e na tristeza", brasileiro. As pessoas gostam de xingar o presidente,
mas quem gosta de lembrar que ele é só uma pessoa, antes de ser presidente?

Alguém veste verde e amarelo nos demais 47 meses dos quatro em quatro anos de intervalo?

Alguém lembra de não xingar, de não falar mal, quando se descobre que se está vivendo
o primeiro governo em verdade democrático, tão sonhado, e que democracia é exato o que estamos vivendo?

Direito de criticar.

(Criticar vem de palavra grega que tem relação com juízo, e julgar.)

Você sabia que -- lembro -- uma crítica pode ser construtiva?

Que pode acrescentar? Que pode ser usada pra melhorar? Mas como reagimos às críticas que nos são feitas?

Alguém está se importanto em falar mal do tal craque do futebol? Bom: pelo menos, uma vez a cada 47 meses, as pessoas falam mais mal de uma outra pessoa qualquer do que do presidente.

Isso é ser presidente do Brasil.
Isso é ser patrão, no Brasil.
Isso é ser líder, no Brasil.

Outro dia, jornalistas ofenderam minha nacionalidade, dizendo que ser técnico da seleção brasileira era algo mais importante do que ser presidente da república.
O treinador disse: "é, eu tenho que cuidar de umas duas dúzias de pessoas, e o presidente, de umas dúzias de milhões de pessoas... talvez eu seja mesmo mais importante do que ele!..."

O que aconteceu mesmo no dia 7 de setembro?
O que aconteceu no 15 de novembro?
Será que em 1888 aconteceu alguma coisa?
Qual é mesmo a data?

Mas a multidão prefere o que acontece de quatro em quatro anos.

QUANTO A MIM?

De minha parte, eu estou tentando superar meu preconceito pseudo-intelectual(óide), p'ra conseguir vestir verde-amarelo, junto com a multidão e
pelo menos uma vez na vida -- de quatro em quatro anos --
fazer parte dos milhões e milhões de brasileiros, uma multidão.

Um povo. Não somos uma nação, pois, se fôssemos, seríamos portugueses, e nossos racismos seriam declarados, mas um povo, pelo menos isso nós somos.

Pelo menos de quatro em quatro anos.

(Por consciência da multidão... fora as torcidas "do contra" que não conseguem superar esse... preconceito, e preferem insistir no pseudo-intelectual(oid)ismo.)

De minha parte,
abdico da intelectualidade aqui.

Meu chapéu verde & amarelo está recuperado, da copa da Coréia-Japão.

Não: nem mesmo na copa do mundo quererei eu sair deste país. Eu o amo.

Do mesmo modo que amo a alegria da música folk irlandesa;
assim como amo a musicalidade da língua Czeca.
Assim como estou triste porque a China não entrou na copa mundial de futebol,
mas, penso, quem sabe eu ainda vá à China, conhecer Pequim...

Pequim... Um sonho distante.
Gosto da idéia de passar uns meses em Dublin, e acredito que ainda consiga, nesta curta e única vida.
Alguns em Praga.
Moro no Rio de Janeiro. Sou natural daqui, e aqui pretendo morar toda a minha curta e única vida.

Como de costume,
MELANCOLIA.

(180.000.000; 13 de maio.)