06*08, tablínio, d
06*08, tablínio, d
Falso índio, e paradigmas
Não sou índio, nem descendente de índios. (Penso que, como não sou dado às fotografias, talvez seja melhor esclarecer isso ...) Sou brasileiro, sim, e tenho africanos na genealogia, apesar de não me parecer com um, não negarei que há, pois um parente, lá atrás, teve filhos com uma escrava, e isso deve ser registrado, pois faz parte da identidade brasileira "de raíz". (Há muitos brasileiros, mas há, ainda, muitos estrangeiros, no Brasil, pessoas que nem mesmo falam português! ... até alfabetização. Estrangeiros que vêm viver em outras terras, e não são aculturados, deveriam voltar para suas terras de origem; não são benvindos. O tempo do "sonho americano" virou passado. Deutsch, italiani e japoneses que não querem ser brasileiros, por gentileza: go home! Estamos construíndo uma nação, aqui.)
E penso que é importante abrir espaços para isso porque há índios, no Brasil, e, convenho, em termos de identidade, as populações indígenas são as mais carentes. (Não que a população afro-americana no Brasil seja marcante por orgulho de sua identidade: percebo e julgo que não é. Poucos afro-brasileiros têm orgulho de ser afro-brasileiros, poucos cultivam o "black-power". Entretanto, pelo menos, eles ainda têm os estado-unidenses para imitar, pois o "black" nos E.U. tem uma identidade forte, e marcante, que se renova, geração após geração, desde sua emancipação, no XX centênio.)
De tal maneira que o índio brasileiro não dá, para a nação, contributo de sua identidade sequer para representar sua presença como brasileiro.
(Talvez eles pudessem nos ajudar a entender que o próprio vocábulo "brasileiro" não é algo de que deveríamos nos orgulhar, e que, talvez, devêssemos ser brasilianos, pois brasileiro é pejorativo, mas brasiliano é apenas adjetivo.)
Entitulei este blog como "Blog de índio", e isso surgiu do paradigma lançado pela mídia ianguis. "Tumanitutanka-oatshee", vocábulo sioux para o nome do cari aculturado pela comunidade indígena, no romance 'Aquele-que-dança-com-lobo'.
Sei muito pouco de tupi, e, do pouco que sei -- é ensinado pouco -- sei que tupi nem mesmo é língua indígena original, pelo que me ensinaram, mas língua de comércio. (?)
Em casa, criei uma brincadeira, certa época, de dar "nomes indígenas" às pessoas. Meu pai é o Urso-brincalhão. O nome que recebi (dado por outros) foi Lobo-na-toca. E surgiram outros nomes. (Para minha mãe, para meu avô, e outras pessoas.)
Ora: urso, e lobo, não são animais de identidade do índio brasileiro. O paradigma de índio que eu tenho, e de cultura indígena dos aborígenes americanos, são as dos ameríndios dos E.U.. Eu não conheço os índios brasileiros, e isso é normal: moro no Rio de Janeiro, cidade grande, e estou longe de índios. Nos E.U., os próprios índios se promovem. Se manifestam, pois até hoje se manifestam para dizer que é injustiça o que lhes fizeram, lá, e coisas assim. E no Brasil?
A minha parte: de minha parte, gosto de pesquisar os nomes indígenas locais, na cidade onde moro. Me faz pensar que passo a conhecer um pouco melhor, a cidade. Fiquei frustrado quando descobri que Humaitá, apesar de ser nome de origem indígena, não é de índios da região, mas os nomes dos lugares naquela região de Botafogo (distrito no Rio de Janeiro) têm aqueles nomes em "homenagem aos heróis da Guerra do Paraguai", e Humaitá, mesmo, é nome de um lugar onde se deu uma batalha no Paraguai, a batalha de Humaitá.
Mas fiquei feliz por descobrir o nome indígena da Lagoa Rodrigo de Freitas, e o nome da região do morro que separa a lagoa de Copacabana. Tive uma impressão de estar conhecendo, pelo menos um pouquinho melhor, o lugar onde moro. Onde caminho. Não gosto de ficar andando em vão pelos lugares. Prefiro conhecê-los. Os índios brasileiros não devem achar que segundas pessoas devem promovê-los: eu não sou índio. Sou brasileiro de fala portuguesa, e estudo o latim, porque me interessa a cultura portuguesa. Eles, os índios, que se cuidem, caso contrário, sua cultura será perdida, e a irresponsabilidade, neste novo centênio, já não será dos antropólogos, nem a culpa do jesuítas, mas deles mesmos, índios, que não estão, nem cultivando, nem nos ensinando de que se trata ser ... tupi?
Falso índio, e paradigmas
Não sou índio, nem descendente de índios. (Penso que, como não sou dado às fotografias, talvez seja melhor esclarecer isso ...) Sou brasileiro, sim, e tenho africanos na genealogia, apesar de não me parecer com um, não negarei que há, pois um parente, lá atrás, teve filhos com uma escrava, e isso deve ser registrado, pois faz parte da identidade brasileira "de raíz". (Há muitos brasileiros, mas há, ainda, muitos estrangeiros, no Brasil, pessoas que nem mesmo falam português! ... até alfabetização. Estrangeiros que vêm viver em outras terras, e não são aculturados, deveriam voltar para suas terras de origem; não são benvindos. O tempo do "sonho americano" virou passado. Deutsch, italiani e japoneses que não querem ser brasileiros, por gentileza: go home! Estamos construíndo uma nação, aqui.)
E penso que é importante abrir espaços para isso porque há índios, no Brasil, e, convenho, em termos de identidade, as populações indígenas são as mais carentes. (Não que a população afro-americana no Brasil seja marcante por orgulho de sua identidade: percebo e julgo que não é. Poucos afro-brasileiros têm orgulho de ser afro-brasileiros, poucos cultivam o "black-power". Entretanto, pelo menos, eles ainda têm os estado-unidenses para imitar, pois o "black" nos E.U. tem uma identidade forte, e marcante, que se renova, geração após geração, desde sua emancipação, no XX centênio.)
De tal maneira que o índio brasileiro não dá, para a nação, contributo de sua identidade sequer para representar sua presença como brasileiro.
(Talvez eles pudessem nos ajudar a entender que o próprio vocábulo "brasileiro" não é algo de que deveríamos nos orgulhar, e que, talvez, devêssemos ser brasilianos, pois brasileiro é pejorativo, mas brasiliano é apenas adjetivo.)
Entitulei este blog como "Blog de índio", e isso surgiu do paradigma lançado pela mídia ianguis. "Tumanitutanka-oatshee", vocábulo sioux para o nome do cari aculturado pela comunidade indígena, no romance 'Aquele-que-dança-com-lobo'.
Sei muito pouco de tupi, e, do pouco que sei -- é ensinado pouco -- sei que tupi nem mesmo é língua indígena original, pelo que me ensinaram, mas língua de comércio. (?)
Em casa, criei uma brincadeira, certa época, de dar "nomes indígenas" às pessoas. Meu pai é o Urso-brincalhão. O nome que recebi (dado por outros) foi Lobo-na-toca. E surgiram outros nomes. (Para minha mãe, para meu avô, e outras pessoas.)
Ora: urso, e lobo, não são animais de identidade do índio brasileiro. O paradigma de índio que eu tenho, e de cultura indígena dos aborígenes americanos, são as dos ameríndios dos E.U.. Eu não conheço os índios brasileiros, e isso é normal: moro no Rio de Janeiro, cidade grande, e estou longe de índios. Nos E.U., os próprios índios se promovem. Se manifestam, pois até hoje se manifestam para dizer que é injustiça o que lhes fizeram, lá, e coisas assim. E no Brasil?
A minha parte: de minha parte, gosto de pesquisar os nomes indígenas locais, na cidade onde moro. Me faz pensar que passo a conhecer um pouco melhor, a cidade. Fiquei frustrado quando descobri que Humaitá, apesar de ser nome de origem indígena, não é de índios da região, mas os nomes dos lugares naquela região de Botafogo (distrito no Rio de Janeiro) têm aqueles nomes em "homenagem aos heróis da Guerra do Paraguai", e Humaitá, mesmo, é nome de um lugar onde se deu uma batalha no Paraguai, a batalha de Humaitá.
Mas fiquei feliz por descobrir o nome indígena da Lagoa Rodrigo de Freitas, e o nome da região do morro que separa a lagoa de Copacabana. Tive uma impressão de estar conhecendo, pelo menos um pouquinho melhor, o lugar onde moro. Onde caminho. Não gosto de ficar andando em vão pelos lugares. Prefiro conhecê-los. Os índios brasileiros não devem achar que segundas pessoas devem promovê-los: eu não sou índio. Sou brasileiro de fala portuguesa, e estudo o latim, porque me interessa a cultura portuguesa. Eles, os índios, que se cuidem, caso contrário, sua cultura será perdida, e a irresponsabilidade, neste novo centênio, já não será dos antropólogos, nem a culpa do jesuítas, mas deles mesmos, índios, que não estão, nem cultivando, nem nos ensinando de que se trata ser ... tupi?
1 Comments:
O índio brasileiro, além de ter sido (e o pior, continuar sendo) exterminado em parcelas talvez maiores do que em norte-américa, são massacrados, aculturados, completamente ridicularizados pela mídia em geral.
Houve luta, muita luta; mas a cultura brasileira incutiu através dos tempos que somos um povo de índole pacífica e generosa. Por isso mesmo, um tal de Ruy Barbosa queimou milhares de folhas de arquivos sobre as revoltas de minorias no Brasil. Tanto indígenas, quanto afro-brasileiras.
E assim, ficamos a achar que nunca os índios se sublevaram ou tentaram se organizar.
Já a cultura estadunidense sempre usou o índio, primeiro como vilão (o índio mau), e de uns tempos para cá, tentando aliviar a culpa pela “carnificina” dos séculos XVIII e XIX (principalmente), começarama realizar filmes “policamnete corretos”em que o personagem virou “bonzinho”.
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