domingo, julho 29, 2007

[publicação_extra]

Falei sobre personas brasileiras de quem se orgulhar. Eu seria injusto se não mencionasse o esportista Bernardo Rocha de Rezende (vulgo "Bernardinho"). Não considero que esportistas sejam motivo de o maior orgulho para um povo, mas devo mencionar este, que, à maneira do treinador do filme "O treinador" (Coach Carter), demonstrou paradigma de moralidade (valor através de honestidade), que ensina o cidadão e profissional brasileiro que tipo de valores deveriam estar à frente de todo cidadão comum. Parabéns pela conquista de um esportista como ele, que leva meninos nossos a um pódium.

G. / Rio, 28 de julho

sábado, julho 28, 2007

Ficção pseudo-científica e ficção de brincadeira semi-científica

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Ficção pseudo-científica e ficção de brincadeira semi-científica.
Ensaio sobre ficção científica, e comentário breve sobre Aeon Flux "o filme".

Em coisas que escrevi -- de que uma parte está registrada em biblioteca pública, no Rio de Janeiro, sob título de 'Livro à venda' (por sorte de pegar o "antes da greve" do MINC, que agora, pelas vistas, vai seguir indefinida circunstância (...) --, falo sobre o problema da atual chamada "ficção científica". O gênero, larga maneira deturpado pelo cinema, terá de sofrer reformulações e recategorizações neste novo centênio de previsões ecológicas nefastas: não é mais possível pôr no mesmo saco-de-farinhas produções (literárias) como Blade Runner e Star Wars/Star Trek. (Se alguém não sabe a diferença entre SW e ST, saiba que não tem problema, pois seguiram a mesma linha de ... "ciência".)
Não posso dizer que Blade Runner seja brilhante como ficção científica (talvez não tanto quanto "literatura filosófica"), mas sou mais inclinado a agrupar o filme como um sub-grupo de ficção científica do que SW/ST.
Dentro de o que pode ser considerado ficção científica, penso, pode-se colocar produções como '2001', 'O planeta vermelho', 'Eu, robô' (não importo que discordem, tenho critério).
Há um gênero moderno, porém, que não se faz ficção científica, porém, não denigre o gênero, fazendo-se à parte. Um dos pioneiros foi Blade runner. Os mais recentes são Matrix, e Aeon Flux (não apenas o filme, mas também a série animada). São filmes para diversão, tangem questões de ciência, sem, contudo, enganar o público. Suscitam questões, reflexões. São literatura de questionamento, se se poderá pensar em algo do tipo.
E há o consumo de pseudo-ciência que virou paradigma de diversão: Guerra nas Estrelas (SW), e Jornada nas Estrelas (ST). (Se alguém não sabe, GnE é a série do peludo Chewbacca (diz-se Chubaca), amigo do Han Solo, cujo outro amigo, Luke Skywalker tem questões psicológicas não resolvidas com o vilão Darth Vader (...), e JnE são séries diversas, baseadas numa série antiga que era caracterizada pelo orelhudo sr. Spock, o vulcano, e pelo canastrão capitão Kirk, que, através dos anos 1990, ganhou novidades (séries novas, começando pela "Nova geração", e seguida por outras, Deep-Space 9, Voyager e a recente "Enterprise").) De ponto de vista de avaliação de ciência, Jornada nas estrelas seguiu uma linha semelhante do estilo Guerra nas Estrelas: preferiram investir em entretenimento do que em verossimilhança, e divulgam um espaço-vácuo bastante diferente do que o espaço-vácuo de veras é, pois as naus interplanetares fazem barulhos, explodem e pegam fogo, coisas que, com física de secundário, já se pode entender que não acontecem.
(Há uma outra série, menos cotada, "Galáctica", uma nova versão, que, apesar de insistir no caráter de entretenimento, atenua -- não saberei se de propósito e com propósito, ou se sem querer -- a simulação de naves e escafas ("caças") no espaço-vácuo, pois dá impressões de "ruídos internos". Pois é verdade que não há propagação de som no vácuo, e os "entretenedores" não acharam que isso seria apropriado para seus filmes e seriados, e rejeitaram a verossimilhança, em favor de uma "estética agradável", e, convenhamos que a estética de um espaço-vácuo, num filme, sem som nenhum, pode, se não for tido como princípio de conceito de uma obra literária, ter efeito ruim para os ouvidos de uma audiência. "Galáctica" dá um espaço sem barulhos externos, mas dá muitos ruídos que fazem soar a barulhos internos aos maquinários e comunicações nas escafas-de-guerra, e nas naus, e cria um novo modo de passar um espaço mais realista, sem deixá-lo entediante para quem está saindo de uma geração criada por Star Wars.)
Há, porém, um outro tipo de experimento literário que não se restringe a entretenimento, e que é algo que é interessante de ponto de vista literário. Pois até os cientistas gostam de brincar, e imaginar, e falar absurdos. E é possível entrar em absurdos científicos sem ferir a didática da física secundarista (...). Uma coisa atrapalha o ensino de física: insistir no erro. (E isso são outras questões.) Mas é interessante à humanidade a fabulação do "absurdo científico", desde que seja experimental. É o caso de Aeon Flux. A abrangência de brincadeiras semi-científicas que se vê, tanto no filme quanto na série animada, é vasta. Tudo o que os cientistas gostariam de ver, e preferem que não se tente explicar. É um filme leve (também a série), inteligente, desperta questões de interesse à humanidade, e propõe absurdos sobre absurdos, que, por qualquer razão, não ofendem o cientista audiente, que, pelo contrário, se diverte em pensar "que absurdo" e "que divertido!".
Estes são alguns pensamentos sobre as recentes produções literárias na ficção científica, das coisas que considero relevantes para a discussão de ciência.
(Para 'Alien', 'Guerra dos mundos' e assuntos "marcianos", penso que o assunto não se relaciona com ciência, mas com religião, e não me deterei em entrar em descrições sobre suas tangências; não me dizem respeito.)

sábado, julho 21, 2007

06*07, tablínio

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Ensaio sobre brasilidade

Que foi ser brasileiro? Que é ser de algum lugar? Identidade se relaciona com orgulho de pertencer a uma nação, ou a um povo, que seja, que tem a mesma fala. (Sobretudo no caso de nós, americanos.) O orgulho de coisas passadas -- apenas -- não basta. Para se orgulhar de ser, por exemplo, brasileiro, é necessário ter orgulho do que ocorre no presente. Eu poderei me orgulhar da música brasileira da década de setenta, mas, convenho: é passado. Passou. Não é do que eu me orgulho agora.
Observo as pessoas. A identidade brasileira mais destacada que percebi ser alguém que as pessoas admiram foi a de Gisele (será com dois "l"s?) Bünchen. É uma pena. É uma bonita menina, mas ... eu não me identifico em nada com ela, e, se ser brasileiro se reduz a comparar-me a ela, eu não me orgulho de ser brasileiro.
Também é vero, penso, e razoável pensar que os meios de comunicação parecem desprezar, em qualquer espécie de instância diferenciadora, ativa, a produção intelectual brasileira. Não posso dizer que não a há. Posso dizer que não é reconhecida, que não tem espaço, e que é confundida com marginalidade. E, talvez por isso, acaba se tornando marginal.
Também é vero dizer que uma grande quantidade de brasileiros se orgulha mesmo é da marginalidade verdadeira, que existe nos submundos do(s) modelo(s) de cidade que temos.
Não se criou um modelo de cidade que substuísse a capital, quando se fez uma nova capital para o país. Não digo com isso que a atual capital do país não seja uma cidade virtuosa, pelo contrário: Brasília é uma cidade que demonstra crescimento, não apenas estatístico (quantitativo, em avaliação de cidades), mas cultural, e de produção cultural (isto é, um crescimento qualitativo). Como livreiro, avalio isso em produção de livros. E não apenas Brasília, mas Belo Horizonte também, na mesma linha, apresenta, nos últimos dez anos, um crescimento qualitativo considerável.
O Rio de Janeiro estacionou, decaiu uma queda não incompreensível. A cidade não deixou de ser um lugar agradável, para quem gosta de lugares. Apenas se tornou um lugar de extremo pouco interesse econômico, e isso faz da cidade uma mancha, que a federação até tenta ajudar, mas não consegue. É a economia nacional que poderá, se quiser, se lembrar do Rio de Janeiro. Enquanto isso, nós, cariocas veros, que daqui não saímos de maneira nenhuma, e por nada neste mundo, a não ser por perseguição política, ou religiosa -- já que a condição citadina não permite turismo do carioca para outras partes, nem do Brasil, nem do mundo, coisa de que eu gostaria ... -- vivemos aqui, com nossas dificuldades. E recebendo os turistas do resto do mundo que acreditaram nas propagandas de desde a década 1950, de que a cidade é uma "maravilha". Talvez seja. (Não é possível, em sanidade, negar que a natureza alegra até mesmo ao carioca residente que não gosta de praia ...) Mas não somos diferentes de outras cidades. Somos até piores que algumas, agora que não somos mais a capital.
As cidades do nordeste brasileiro ganharam expressão, e uma identidade interessante para o pensar de uma identidade nacional: deram-nos feitio histórico-colonial. Salvador, Ilhéus, Recife, João Pessoa (antiga Filipéia), Olinda ... Não falarei muito sobre o que não conheço, mas posso dizer que já passou por minha mão feitos de produto cultural (livro ... compêndio didático, para fazer-me mais ilustrativo) que pode ser pensado como ato de valor, pérola, que nos surge daqueles lados.
Poucos se orgulham do que eu, em minha parvície ignorante, chamo no presente por 'o primeiro governo democrático brasileiro'. Me questionaram, certa vez: "Mas, então, os três ou quatro governos anteriores não foram democráticos?" Talvez tenham sido. Apenas, por mais que, no presente, discordem de mim -- e discordarão -- o governo Luíz Inácio é um feito na democracia brasileira. O pé esquerdo dá o segundo passo, no modo de cidade e de impêrium (federação) modernos. Penso que me orgulho deste governo por ser o segundo passo da democracia brasileira, desde o regime militar.
(Também me orgulho de que falcatruas que aconteciam antes não se tornavam escândalo(s) porque assim é a direita: comete delitos, mas esses permanecem por baixo das toalhas das mesas das negociatas; a esquerda, no modo brasileiro pós-militar, a meu ver, se caracteriza pelo interessante fenômeno de que os delitos ocorrem de semelhante maneira como são feitos nos governos privatistas, com diferença de que os privatistas mantêm os crimes, em silêncio, debaixo da mesa, e os pés-esquerdos, buscando alguma moralização, não temem em trazer os crimes para cima da mesa, ainda que todos estejam envolvidos nisso. Talvez seja um ato tolo, da parte de alguns, mas, para mim, revela intenções. Pelo menos as intenções dos pés-esquerdos é de moralizar o mundo. Os privatistas estão se lixando com o mundo, desde que os por baixo de mesas lhes encham os bolsos de dinheiros ...)
Assim, penso que me orgulho, um pouco do Brasil. Não das pessoas brasileiras, mas da história que estamos escrevendo, ainda que com sangue dos subúrbios cariocas. Entre sangue de outras pessoas, pois sou fluminense, e sei pouco do que ocorre em Sampaulo, ou em Porto Alegre. Nem saberei. Tenho que visitar Bahia e Minas Gerais, para visitar família. Gostaria de ir a Sampa, mas não poderei tão cedo. (Tenho bons amigos, em Sampa.)

sábado, julho 14, 2007

06*06, tablínio

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" 'O coronel e o lobisomem': primeira (quiçá única) entrada; & outros assuntos"

Parece ser do feitio do ... brasileiro, isso, de fazer-se de vítima. Uma outra coisa que me fez repudiar a adaptação foi a forte presença de religiosidade supersticiosa, no filme. Desenvolverei estas coisas, como puder, e, depois, tentarei elogiar o filme, em alguma coisa.
Assim que terminei de assistir, pensei "puxa, mas que revolta de ter nascido brasileiro!" E cogito: por que não somos capazes de desenvolver literatura séria, que não seja, nem deboxada, nem supersticiosa, nem pornográfica? Afinal de contas, no background lingüístico, até que tem, lá, nos aquém-mares do lado de lá, algum Alexandre Herculano ...
Que é ser brasileiro? Já adentrei tal questão, há tempos, mas volto a ela, pois nós não temos uma definição de identidade da qual eu possa, já, me orgulhar. Talvez não me tenham mostrado a face que me faria pensar que "como é bom ser brasileiro!" Talvez porque eu não tenha tido gosto, de infância, nem pelo futebol, nem pela corrida de carros ... E a boa música brasileira já seja passado.
Será que os "brasileiros" da minha geração ... fogem do Brasil -- achando que vão, lá fora, encontrar "lar", ou coisa mais parecida com o que gostariam de ser -- para procurarem identidade, ou para fugir da vergonha de não termos identidade pós-bossa-nova, ou será que não temos identidade pós-bossa-nova (pobres brasileiros-estrangeiros, que foram perseguir uma ilusão que não lhes será vera ...) porque muita gente da minha geração, que deveria estar me ajudando a formar uma identidade para esta geração, no meu país, está no estrangeiro, achando que vão ser felizes como estrangeiros, quando o mundo é, por circunstância desta geração, cada vez mais xenófobo, em contradição aos rumos da cultura mundial? ...
(Que todas essas coisas têm em comum com qualquer impressão que tenha este crítico tido de "O coronel e o lobisomem": a adaptação, ao final das contas, alguém já poderá estar se perguntando.)
Certo: assiti ao filme. Quando terminou, me perguntava que "ora, por que raios caídos do céu será que tivo o azar de ter nascido brasileiro?!" (Depois falarei da definição de "brasileiro", de modo a tentar, aqui, não me delongar muito mais.) E não é por causa dos efeitos especiais, que não são pela "Industrial Light & Magic", ou por qualquer das tantas outras que há, hoje, nos E. U. ... (Pelo contrário ... Talvez essa seja uma tentativa ... quase-gloriosa, do filme.) A questão que se me bateu, forte, foi o problema da religiosidade. É triste ver um país sem identidade religiosa. (Sem identidades religiosas, que seja.) Não somos católicos, não somos protestantes, não somos ateus ... Não somos nada! E respiramos uma supersticiosidade tola, que nos afunda como cultura. E, quanto a isso, falo de outros, porque, ainda que sozinho, eu mesmo tenho religião, sei a que lado sigo, e que sozinho morrerei, não sei, este não será problema para mim, pela minha fé. Apenas gostaria que o brasileiro tivesse alguma opinião sobre isso. Percebo que a ... nação (o povo de fala portuguesa na América) terá de esperar a geração seguinte, e, quiçá, a literatura que produzo, para ter alguma mudança significativa... -- talvez (espero!) eu esteja enganado.
A persona protagonista do filme é uma vítima. Ora, isso não é novidade, neste país. Não conheço raça pra se fazer de vítima melhor do que o brasileiro. Todo brasileiro é vítima. Não conheço um que não seja mestre em dizer que a culpa está nisso ou naquilo. Nunca "a culpa é minha", nunca a responsabilidade é minha. Melhor dizer que a responsabilidade por que quer que seja que está errado -- e tem muita coisa errada, sempre vai ter, isso não é o caso -- é de outra pessoa ou instância. Ou da circunstância. Mas nunca do sujeito. Nunca é do "eu". Isso não posso vincular ao filme, mas, penso à literatura brasileira, talvez.
É tempo de mudar.
Falei dos vícios. Tentarei falar de alguma e outra virtude. 1. As barbas do coronel. As barbas do coronel são formidáveis! Uma das virtudes raras na estética contemporânea. É uma "deixa". E a literatura, e o cinema, têm que dar deixas estéticas e ideológicas para referência da nação, ou, de outro modo, quem fará? Eis a missão do ator, do produtor, dos teatrólogos, e dos escritores. Então o filme tem algo de interessante.
2. O duo Diogo Vilela & Selton Melo deu um resultado razoável. Aprazeou, posso dizer. Não sou crítico de cinema, nem pretendo. É como leigo que digo, mas, digo: não se pode dizer geniais, mas foram atuações brilhantes (i.e. com brilho). É uma virtude para o filme e para o cinema brasileiro. Parabéns aos atores.

Outros assuntos

Da publicação de livros. O primeiro livro está registrado em biblioteca pública. O segundo ... aguarda que o Ministério da Cultura deixe a presente greve, para que possa ser devida maneira registrado. Dois outros há, escritos, que não serão registrados, pois "os dinheiros acabaram". (Estou desempregado desde outubro de 2005. Fui ... vítima. De demissão. E injusta!)