sábado, agosto 25, 2007

06*17, tablínio

06*17, tablínio
Do Fofo

É fofinho, o gato que tem, lá embaixo. Eu acho que é filhote da ex-vizinha, Cora (a viúva do Listra). O porteiro é que deu o nome pro gato: Fofo. Eu concordei, e chamo o felino pelo nome, agora. É um gato muito gracioso. É o primeiro gato que me lambe os dedos ... Muito engraçado. É gostoso, é carinhoso. Os gatos, porém, com eles deve-se tomar cuidado, pois, como são pequenos leões, se deixar eles se empolgarem na brincadeira, começam com unhas e dentes ... Mas o Fofo é um gato amigo. Às vezes ele mete a unha, ou o dente, sem querer, na empolgação, mas, tanto eu como o porteiro, como bons criadores de gatos, não deixamos ele continuar, e dizemos a ele, com espírito!, que é mal!, é errado. É pecado. E ele se arrepende, na mesma hora! Porque ele é um gato amigo.
O Listra foi um gato amigo, quando eu me mudei pra cá, com a casa de meu pai. O mesmo porteiro criava ele. Era um gato mais velho, e a Cora era a companheira dele. Um dia, ele inventou de atravessar a rua, e ... foi atropelado. Acho que apenas eu e o porteiro dos gatos enlutamos, naqueles dias. É uma alegria que o Fofo agora esteja entre nós, como nosso mascote!

sábado, agosto 18, 2007

[links_para_a_semana]

http://www.worldwidewords.org/index.htm (em inglês)
Encontrei informação interessante e imparcial sobre Davy Jones, aqui. Não é fácil encontrar informação na internet que não seja poluída pelo advento da série Piratas do Caribe. (O artigo na Wikipédia, em português, é baseado no filme, e o texto dá tonalidade de que a lenda do filme seria verdadeira de acordo com tradição, o que é de todo improcedente.)

http://groups.yahoo.com/group/litterae_ex_urbe/message/343
Comentário sobre problemas de tradução em cinema, aplicado à série Piratas do Caribe (Gore Verbinski), e uma crítica aos críticos de cinema.

06*13, tablínio

06*13, tablínio
Encalhado na ilha do King Kong ...

Quando disse a uma conhecida que estava me sentindo como que o navio encalhou, ela se importou, e se inquietou, e, quando concluíamos a conversa, disse ela que "ficar encalhado não é coisa boa ...".
Pensando com os meus ... Com o meu botão, eu até concordo com ela que pode parecer lúgubre, num primeiro instante.
O meu problema, contudo, não é, em exato, encalhar. Não tenho problema em viver numa ilha deserta. O problema é quanto a que ilha será essa, onde o barco foi parar ... Pois, uma ilha caribenha parece um lugar amistoso, mas tem lugares no oceano Pacífico mítico que eu não recomendaria.
Onde foi parar o desconhecido daqueles dias, dos fins do XIX, para início do XX? Lugares para onde ... fugir, quando se está desesperado? Pois os homens de então se enfiavam nas áfricas adentro, e encontravam civilizações perdidas, e tesouros, onde, hoje, só temos mato, e tribos esfomeadas. Ou se enfiavam em buracos, e encontravam passagens para mundos maravilhosos, habitados por dinossauros e cheios de tesouros, ou de aventuras. Ou, ainda, iam para a lua, e pousavam ali, e faziam morada em lugares extraordiários, com foguetes viajavam pela galáxia que, hoje, é distante, e não passa de ilusão querer alcançar, sequer, a estrela vizinha ...
Como podemos viver aventura num mundo de ciência onisciente?Onde está a aventura dos meus dias?

domingo, agosto 12, 2007

06*08, tablínio, d

06*08, tablínio, d
Falso índio, e paradigmas

Não sou índio, nem descendente de índios. (Penso que, como não sou dado às fotografias, talvez seja melhor esclarecer isso ...) Sou brasileiro, sim, e tenho africanos na genealogia, apesar de não me parecer com um, não negarei que há, pois um parente, lá atrás, teve filhos com uma escrava, e isso deve ser registrado, pois faz parte da identidade brasileira "de raíz". (Há muitos brasileiros, mas há, ainda, muitos estrangeiros, no Brasil, pessoas que nem mesmo falam português! ... até alfabetização. Estrangeiros que vêm viver em outras terras, e não são aculturados, deveriam voltar para suas terras de origem; não são benvindos. O tempo do "sonho americano" virou passado. Deutsch, italiani e japoneses que não querem ser brasileiros, por gentileza: go home! Estamos construíndo uma nação, aqui.)
E penso que é importante abrir espaços para isso porque há índios, no Brasil, e, convenho, em termos de identidade, as populações indígenas são as mais carentes. (Não que a população afro-americana no Brasil seja marcante por orgulho de sua identidade: percebo e julgo que não é. Poucos afro-brasileiros têm orgulho de ser afro-brasileiros, poucos cultivam o "black-power". Entretanto, pelo menos, eles ainda têm os estado-unidenses para imitar, pois o "black" nos E.U. tem uma identidade forte, e marcante, que se renova, geração após geração, desde sua emancipação, no XX centênio.)
De tal maneira que o índio brasileiro não dá, para a nação, contributo de sua identidade sequer para representar sua presença como brasileiro.
(Talvez eles pudessem nos ajudar a entender que o próprio vocábulo "brasileiro" não é algo de que deveríamos nos orgulhar, e que, talvez, devêssemos ser brasilianos, pois brasileiro é pejorativo, mas brasiliano é apenas adjetivo.)

Entitulei este blog como "Blog de índio", e isso surgiu do paradigma lançado pela mídia ianguis. "Tumanitutanka-oatshee", vocábulo sioux para o nome do cari aculturado pela comunidade indígena, no romance 'Aquele-que-dança-com-lobo'.
Sei muito pouco de tupi, e, do pouco que sei -- é ensinado pouco -- sei que tupi nem mesmo é língua indígena original, pelo que me ensinaram, mas língua de comércio. (?)
Em casa, criei uma brincadeira, certa época, de dar "nomes indígenas" às pessoas. Meu pai é o Urso-brincalhão. O nome que recebi (dado por outros) foi Lobo-na-toca. E surgiram outros nomes. (Para minha mãe, para meu avô, e outras pessoas.)
Ora: urso, e lobo, não são animais de identidade do índio brasileiro. O paradigma de índio que eu tenho, e de cultura indígena dos aborígenes americanos, são as dos ameríndios dos E.U.. Eu não conheço os índios brasileiros, e isso é normal: moro no Rio de Janeiro, cidade grande, e estou longe de índios. Nos E.U., os próprios índios se promovem. Se manifestam, pois até hoje se manifestam para dizer que é injustiça o que lhes fizeram, lá, e coisas assim. E no Brasil?
A minha parte: de minha parte, gosto de pesquisar os nomes indígenas locais, na cidade onde moro. Me faz pensar que passo a conhecer um pouco melhor, a cidade. Fiquei frustrado quando descobri que Humaitá, apesar de ser nome de origem indígena, não é de índios da região, mas os nomes dos lugares naquela região de Botafogo (distrito no Rio de Janeiro) têm aqueles nomes em "homenagem aos heróis da Guerra do Paraguai", e Humaitá, mesmo, é nome de um lugar onde se deu uma batalha no Paraguai, a batalha de Humaitá.
Mas fiquei feliz por descobrir o nome indígena da Lagoa Rodrigo de Freitas, e o nome da região do morro que separa a lagoa de Copacabana. Tive uma impressão de estar conhecendo, pelo menos um pouquinho melhor, o lugar onde moro. Onde caminho. Não gosto de ficar andando em vão pelos lugares. Prefiro conhecê-los. Os índios brasileiros não devem achar que segundas pessoas devem promovê-los: eu não sou índio. Sou brasileiro de fala portuguesa, e estudo o latim, porque me interessa a cultura portuguesa. Eles, os índios, que se cuidem, caso contrário, sua cultura será perdida, e a irresponsabilidade, neste novo centênio, já não será dos antropólogos, nem a culpa do jesuítas, mas deles mesmos, índios, que não estão, nem cultivando, nem nos ensinando de que se trata ser ... tupi?

sábado, agosto 11, 2007

06*08, tablínio, c

06*08, tablínio, c
Ócio

Num filme que traz uma figura imaginária de Geoffrey Chaucer, como persona drâmmatis, a certa altura do script, Chaucer e alguns amigos estão fazendo apostas, pela vitória de um cavaleiro, num torneio de justa, e, discutindo com os amigos, tentando convencer um deles a que entrassem na aposta, o ferreiro diz "com o dinheiro eu poderia ter a minha própria forja!", e um outro diz "eu poderia ter uma taverna!", e diz o Chaucer "e eu vou poder dedicar todo o meu tempo a escrever!".
Sou livreiro, por profissão e por gosto. Estou desempregado, desde outubro de 2005. (Até hoje não sei a razão, e dou minhas ... explicações, tentando não denegrir a empresa que me pôs na rua.) Tentei fugir do ócio, aplicando o ócio ao latim. E descobri que isso era fazer curso pós-graduação. O problema?: descobri que precisa de dinheiros, para fazer pós, pois é investimento, e não emprego. Por infelicidade, os dinheiros acabaram antes de eu conseguir um emprego compatível com a pós, e eu tive que largar o curso.
Voltei para o desemprego, e aqui estou, procurando saídas (ou entradas, para o mercado livreiro carioca).
O ócio aplicado à escrita é interessante. Se eu não estivesse sem fonte de renda, eu viveria disto! Pois escrevi, em menos de cinco meses, quatro livros; três, livros de mero entretenimento, e um de ... "literatura".
O poço está secando, pois eu não tenho mais cabeça para escrever, sendo que preciso de uma fonte de renda. (Estar desempregado faz mal à cabeça de um homem. Vida indigna ...)
Triste, mas vero.
Bom: sigo adiante. Álea iacta est.

sexta-feira, agosto 10, 2007

06*08, tablínio, b

06*08, tablínio, b
Sobre o tablínio

Observarão que escrevo estas publicações recentes no "tablínio". Pois bem, que de veras eu não tenho acesso a internet em minha casa. Apenas na casa de meu pai. Certo, bem, ora ... mas eu moro na casa de meu pai. É verdade, mas o compe' é dele. Eu moro no "tablínio", o escritório da casa. (É o que eles chamam de "o quarto do Guga".)
Aos trinta e um, desempregado há ano e meio, ciente da gravidade disso há alguns meses, não posso me dar a brecha do conforto. Sou um homem ocioso, nestes dias, e isso me dói, e me pesa. (Não quero isso pra ninguém, e estou vendo como posso fazer para sair de tal situação, apesar de que não tenha perspectivas veras.)
Por isso, esta nova fase de blog vem sendo escrita no tablínio, nos meus tempos livres, em casa, que são muitos.
(Escrevo num compe de mesa, que é emprestado de uma tia; passo os arquivos para data-traveller, e publico-os, via de regra, em um lab-info de universidade, perto de casa, que vem sendo possível usar, até o momento.) Tudo isso para não me dar o conforto que eu não pretendo ter enquanto não puder ter. Coisas de ... opção de vida. Opto pela não ociosidade, mesmo no ócio.